segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aproximando o "Soneto da separação"

De repente do pranto fez-se o riso
Falante e amarelo como o sol
E das bocas separadas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o esperado.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos acendeu a primeira chama
E da paixão fez-se o sentimento
E do momento imóvel fez-se a comédia.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de alegre o que se fez odioso
E de acompanhado o que se fez infeliz.

Fez-se do amigo distante o próximo
Fez-se da vida uma aventura certa
De repente, não mais que de repente. 

Vinícius de Moraes

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